[post #012.1] O melhor de 2015 – pt 1 de 3

O melhor de 2016

parte 1 – considerações e digressões

Não me sinto na necessidade de pedir desculpas pela longa demora em novos posts porque acredito não ter, ao menos ainda, leitores – mas supondo-se que eu os tenha, então eu peço desculpas pelo longo hiato.

Vontade ou temas não me faltaram – mas só agora consegui me sentar para escrever um pouco.

Considerando-se que este blog é muito jovem, seria ridículo recapitular seus feitos. Creio que será melhor, antes, algumas considerações de ordem conceitual e algumas digressões acerca do que deveria/poderia ter sido.

Continuar lendo

[post #011 – Interview with DSBM + shoegazer project LACHRIMAE

I don’t remember exactly how I get to this project – but it makes my head since the first hearing, with a singular mix of DSBM with shoegazer. It was not only great – was prolific too: in his Bancamp page I found 4 titles, all released this year. To talk with Lamond, the young one man behind everything, was a very special experience – a truly gentlemen’s talk, as you’ll se in the next lines.

 

cover
The Seven tears cover, in my musical gallery since the beggining

(you can download it by ‘name your price’ here)

GM: I’m a brazillian fan and I’m getting deep into your music.
Do do you live at Scotland, right?
L: Yes, I’m from Edinburgh, but I’m currently studying in Manchester, England.

GM: What’s your age?
L: I’m eighteen years old.

Continuar lendo

[post #010.1] Vozes do submundo: entrevista com TALV, black metal atmosférico italiano

Eu conheci o projeto Talv durante minhas perambulações digitais pelo YT e não pensei duas vezes antes de comprar uma cópia de seu último álbum, Üksildus [post #005] – palavra que significa ‘isolamento’, na língua estônia. E como eu sei disso? Bem, tomei uma boa dose de coragem e fui muito bem recebido por Andrea Talv, o homem por trás do projeto, cujo anonimato eu estava com medo de perturbar. Ele mora perto de Milão, na Itália, e nós conversamos por muitos dias, pouco a pouco, sobre sua música. Para essa entrevista muito especial ele gentilmente nos presenteou com algumas imagens inéditas!

0005327484_10
(foto oficial de Talv em sua página na Bandcamp)

GM: Bem, que o show comece!
Antes de Talv havia ‘Trees in The Fog’. Por quanto tempo? E por que ele cedeu lugar ao projeto atual?

Talv: Sim, o projeto começou como Trees in The Fog, havia também um logotipo e algumas canções prontas para uma demo, mas antes do lançamento eu decidi mudar o título para algo mais marcante. Talv significa ‘Inverno’, na língua estônia.
“Trees in The Fog” existiu entre o final de 2011 até o final de 2012.

12312024_428849007307666_1939473219_n
(logotipo inédito do projeto Trees in The Fog)

 

Continuar lendo

[post 10] Voices from the underground – interview with atmospheric BM project ‘Talv’

I’ve met the project Talv wandering through YT and I do not think twice before buying a copy of his last album, Üksildus [post #005] – wich means ‘isolation’, in estonian language. And how I know that? Well, I took a great dose of courage and was very well received by Andrea Talv, the man behind the project, whose anonymity I was a lil afraid to disturb. He lives near Milano, at Italy, and we talk for many days, little by little, about his music. To this very special interview, he gently gifted us with some unpublished images!

0005327484_10
(official picture from Bandcamp page)

GM: Well, let the show begin!
Before Talv there was Trees in The Fog. For how long? And why he gave way to the current project?

 

Talv: Yes, the project started as Trees in the Fog, there was also a logo and some songs ready for a demo, but before the publication, I decided to change the name with a more effective one. Talv means Winter in estonian language.
‘Trees in the Fog’ was from the end of 2011 to the end of 2012.

12312024_428849007307666_1939473219_n
(unpublished logo of Trees in The Fog)

 

GM: And what about the meaning of the title of the first album, My soul is a velvet glove?

Talv: My Soul is a Velvet Glove is nothing more than a demo, and a really unpolished work, but at the same time very important for my evolution. About the meaning of the title: it comes to my mind really suddenly, without premeditation. I thought about the fact that Talv’s music is like a poetic thing trapped in a total sense of desolation.

Continuar lendo

[post #008.1] (Conversando sobre…) – ‘Hotel’ EP by Dirty Beaches

Um artista pode se tornar grande sem que a essência de sua arte se perca – ou colocando a questão de modo mais simples: é possível fazer um som não comercial por vias comerciais?

Meu assombro acerca do fim do fim do projeto Dirty Beaches [post #008] não foi algo despropositado: ainda este semestre eu comprei uma cópia do EP Hotel, um mini álbum com apenas 4 músicas, todas levadas apenas ao piano, algo que, dentro de padrões mais tradicionais, poderíamos chamar de música minimalista – mas que não foge, em si, da proposta do projeto.

CAM00175 CAM00177 CAM00179 CAM00180 CAM00186 CAM00187

Embora fosse inegavelmente um queridinho da Pitchfork e certamente não tivesse qualquer dificuldade para arrumar gravadoras para suas ideias mais loucas, este título é uma prova completa de que Zhang não se vendeu – e que tampouco o mercado é louco por suas produções.

De acordo com o encarte (uma página em japonês, suponho, e outra em inglês, como vocês podem conferir nas ultimas duas fotos), durante as turnês europeias de 2011-2012, entre um show e outro, ele encontrava pianos nos lobbys ou nos bares dos hoteis. Então, citando textualmente, “por volta de 3 ou 4 da manhã, quando eu não conseguia dormir, eu me esgueirava pelas escadas, tocava o piano e gravava pequenos pedaços ou mesmo peças de ideias com meu celular”.

Ainda mais notável: “eu não sei tocar piano, como você provavelmente vai perceber ao ouvir este discos, haha. Mas há muitas emoções e ideias que eu considero muito expressivas e sugestivos neste instrumento. Ele me deu a voz necessária para comunicar estes pensamentos muito íntimos que eu gostaria de transmitir para a única pessoa que significa o mundo para mim”.

Gravado em Berlim e Montreal, em 2012, este lp foi lançado apenas durante o ‘Record Store Day’ de 2014, pela pequena gravadora Big Love. De acordo com o Discogs, foram produzidas duzentas cópias, mas apenas 150 teriam sido disponibilizadas para o público; as demais cinquenta teriam sido presenteadas para amigos ou encaminhadas para divulgação.

Agora vem a parte mais louca: não havia nenhuma cópia disponível no Discogs, quando eu conheci o disco, então resolvi tentar a sorte na própria Big Love. Apesar da tiragem baixa, o disco estava disponível. Apesar do site não ter tradução para o inglês, com um pouco de sorte eu apertei todos os botões corretos e dentro de alguns meses eu recebi minha cópia, cujas fotos vocês conferiram acima.

Há algum tempo atrás, alguns veículos de comunicação eram muito comerciais, com pouco ou nenhum espaço para expressões musicais diferentes ou menos comercialmente orientadas. Observar o carinho da Pitchfork por um projeto tão pequeno é uma prova disso – ainda que talvez muitos lá dentro só estejam atrás da ‘próxima novidade’, que em seis meses estará completamente esquecida, alguns críticos ainda reservam para si a ousadia de gostar de boa música, mesmo que ela não venda nada.

[pretendo escrever algo semelhante sobre a Noisey, em breve]

Você ouvir ou fazer um download pago de Hotel EP na Bandcamp, onde também consta a transcrição completa do encarte em inglês.