Espaço de incentivo e suporte à música underground – fundamentalmente por meio de entrevistas originais, mas também por meio de matérias, reflexões e resenhas.
I’ve met the project Talv wandering through YT and I do not think twice before buying a copy of his last album, Üksildus [post #005] – wich means ‘isolation’, in estonian language. And how I know that? Well, I took a great dose of courage and was very well received by Andrea Talv, the man behind the project, whose anonymity I was a lil afraid to disturb. He lives near Milano, at Italy, and we talk for many days, little by little, about his music. To this very special interview, he gently gifted us with some unpublished images!
GM: Well, let the show begin!
Before Talv there was Trees in The Fog. For how long? And why he gave way to the current project?
Talv: Yes, the project started as Trees in the Fog, there was also a logo and some songs ready for a demo, but before the publication, I decided to change the name with a more effective one. Talv means Winter in estonian language.
‘Trees in the Fog’ was from the end of 2011 to the end of 2012.
GM: And what about the meaning of the title of the first album, My soul is a velvet glove?
Talv: My Soul is a Velvet Glove is nothing more than a demo, and a really unpolished work, but at the same time very important for my evolution. About the meaning of the title: it comes to my mind really suddenly, without premeditation. I thought about the fact that Talv’s music is like a poetic thing trapped in a total sense of desolation.
Um artista pode se tornar grande sem que a essência de sua arte se perca – ou colocando a questão de modo mais simples: é possível fazer um som não comercial por vias comerciais?
Meu assombro acerca do fim do fim do projeto Dirty Beaches [post #008] não foi algo despropositado: ainda este semestre eu comprei uma cópia do EP Hotel, um mini álbum com apenas 4 músicas, todas levadas apenas ao piano, algo que, dentro de padrões mais tradicionais, poderíamos chamar de música minimalista – mas que não foge, em si, da proposta do projeto.
Embora fosse inegavelmente um queridinho da Pitchfork e certamente não tivesse qualquer dificuldade para arrumar gravadoras para suas ideias mais loucas, este título é uma prova completa de que Zhang não se vendeu – e que tampouco o mercado é louco por suas produções.
De acordo com o encarte (uma página em japonês, suponho, e outra em inglês, como vocês podem conferir nas ultimas duas fotos), durante as turnês europeias de 2011-2012, entre um show e outro, ele encontrava pianos nos lobbys ou nos bares dos hoteis. Então, citando textualmente, “por volta de 3 ou 4 da manhã, quando eu não conseguia dormir, eu me esgueirava pelas escadas, tocava o piano e gravava pequenos pedaços ou mesmo peças de ideias com meu celular”.
Ainda mais notável: “eu não sei tocar piano, como você provavelmente vai perceber ao ouvir este discos, haha. Mas há muitas emoções e ideias que eu considero muito expressivas e sugestivos neste instrumento. Ele me deu a voz necessária para comunicar estes pensamentos muito íntimos que eu gostaria de transmitir para a única pessoa que significa o mundo para mim”.
Gravado em Berlim e Montreal, em 2012, este lp foi lançado apenas durante o ‘Record Store Day’ de 2014, pela pequena gravadora Big Love. De acordo com o Discogs, foram produzidas duzentas cópias, mas apenas 150 teriam sido disponibilizadas para o público; as demais cinquenta teriam sido presenteadas para amigos ou encaminhadas para divulgação.
Agora vem a parte mais louca: não havia nenhuma cópia disponível no Discogs, quando eu conheci o disco, então resolvi tentar a sorte na própria Big Love. Apesar da tiragem baixa, o disco estava disponível. Apesar do site não ter tradução para o inglês, com um pouco de sorte eu apertei todos os botões corretos e dentro de alguns meses eu recebi minha cópia, cujas fotos vocês conferiram acima.
Há algum tempo atrás, alguns veículos de comunicação eram muito comerciais, com pouco ou nenhum espaço para expressões musicais diferentes ou menos comercialmente orientadas. Observar o carinho da Pitchfork por um projeto tão pequeno é uma prova disso – ainda que talvez muitos lá dentro só estejam atrás da ‘próxima novidade’, que em seis meses estará completamente esquecida, alguns críticos ainda reservam para si a ousadia de gostar de boa música, mesmo que ela não venda nada.
[pretendo escrever algo semelhante sobre a Noisey, em breve]
Você ouvir ou fazer um download pago de Hotel EP na Bandcamp, onde também consta a transcrição completa do encarte em inglês.
Ele não tem idade legal para dirigir ou para comprar uma cerveja – mas há menos de dois meses lançou seu primeiro EP, Endless dreams (ainda independente), e está em uma corrida contra o tempo para lançar seu primeiro full antes de completar 18 anos.
Daydream é o projeto de um hom… digamos, um adolescente só, representando nosso país no cenário do post-metal e blackgaze com muita propriedade. Eu o conheci graças a uma rede informal de articulação do underground, por mil ramificações, que se solidificou no canal do italiano Teddy Gibins.
Desde o final da década de 70, para não dizer desde sempre, o underground tem desenvolvido estratégias particulares de desenvolvimento e com o advento da web temos o desenho de uma rede bastante singular de sustentação. Se não fosse por esta rede, como veremos na conversa abaixo, é bem possível que Endless dreams, como ademais diversos outros álbuns, não existisse – visto que ele foi lançado, de modo 100% independente, sem o apoio de qualquer selo ou gravadora, mas não está em lugar nenhum, isto é, por falta de recursos não está sediado em um site de hospedagem, como a Bandcamp.
Na conversa abaixo, realizada via chat por FB, vamos conhecer mais um pouco sobre os ‘sonhos infinitos’ de P.
GM: Podemos começar com o título do projeto?
P. : Podemos sim. O nome Daydream surgiu há um tempo, antes mesmo deu começar a colocar em prática o projeto em si, significa Devaneio. Sabe, eu nunca fui um cara muito sociável, a Daydream é quase um sonho, uma Utopia digamos assim, para me distrair dos problemas dos quais eu tento fugir.
GM: Incrível.
Algo a ver com Sandman?
P. : Sim e não, Sandman sempre foi um dos meus personagens preferidos, incrível você citar ele, quando eu era pequeno, tinha diversos quadrinhos dele, mas bem, sim pela Daydream ser um capricho, um sonho meu, e não, por não influenciar em nada nas letras, e nem na proposta, pois com letras comecei há pouco tempo.
GM: De fato, vivemos em um mundo onde as referências se cruzam o tempo todo. Qual é a sua idade?
P. : Eu tenho 17 anos.
GM: Hã… vc está falando sério?
P. : Sim, 17 anos amigo… haha! Por que o espanto?
GM: Cara, estou de queixo caído…
Bem, voltando ao foco, eu conheci o Daydream graças ao YT, mais precisamente ao Teddy Gibins, um cara que eu considero um herói do underground. Como vc o conheceu?
P. : Bom, o Teddy sempre apoiou e continuará apoiando bandas novas (como o próprio me disse). Eu o conheci quando postou um projeto DSBM meu com um amigo da Bahia, outro grande músico, com quem aprendi muito, tanto no aspecto musical quando em mixagem. O projeto chama-se Selvmord, comecei a atuar sozinho após isso, Loser (Worros) se juntou a mim, bem, foi assim que tive conhecimento do canal do Teddy.
GM: Você poderia compartilhar conosco sua primeira memória musical?
P. : Olha, não é algo convencional, mas o primeiro musico que me interessou a ponto de ser fã, foi Joe Bonamassa, eu tinha meus 10 anos de idade, logo após comecei a me interessar por bandas de Rock e Metal e, com isso, com meus 15 anos, um tio me apresentou ao Black Metal, e foi algo surreal sabe, energia, sentimento, significado… Eu sempre fui afastado de todos, com o Black Metal isso passou a não importar muito pra mim.
GM: Quais estilos musicais você escuta atualmente? Você se julga uma pessoa mais fechada ou mais aberta?
P. : Me julgo aberto musicalmente, acredito que toda arte tem seu reconhecimento, qualquer música que passe sentimento às pessoas é válida. Os gêneros que mais escuto atualmente são o Post-Black Metal, Atmospheric Black Metal e música Celta (BM, Folk), acredito que os três gêneros dominam minha Playlist.
GM: Então, para que as coisas fiquem claras, antes do Daydream você participou do Selvmord [no Metal Archives constam 4 outras bandas/projetos com o mesmo título], é isso?
P. : Exatamente. Atualmente trabalho em outros 3 projetos, Uncaladon (Cosmic Black Metal), Oak (projeto acústico, não lançado ainda) e Spektral Agony (DSBM).
GM: No caso, vc está levando todos estes projetos paralelamente, algum está encerrado, algum tem prioridade, como vc lida com tudo isso?
P. : Bom, como disponho de pouco, eu tento conciliar tudo, minha prioridade é a Daydream e Uncaladon, a Spektral seria algo paralelo, eu apenas auxilio na produção, quem bola as letras é o Gabriel, que é, digamos, quem “empresaria a banda”.
GM: Bem, vamos nos focar no Daydream agora. Quanto tempo vc levou para ‘compor’ o álbum?
P. : No total foram 2 meses, desde criação das melodia até as letras.
GM: Hum… letras? [as 4 faixas são todas instrumentais]
P. : Sim sim, essa seria a parte que preciso explicar, a proposta inicial do projeto seria melodia e letra, mas enfim, aconteceu que eu decidi deixar as letras de lado e me focar apenas na melodia, assim como algumas bandas que me inspiram… Líam, Euphoria, etc.. gostei do resultado e decidi deixar do jeito que estava.
GM: Até o momento, Endless dreams foi lançado mas não tem um site, digamos. Pq?
P. : Por falta de investimento mesmo, estou a pouco de criar uma página na Bandcamp, apenas a Daydream, pq com os outros projetos já tenho esse auxílio de alguns produtores amigos. Como Daydream ainda não recebeu nenhuma proposta de lançamento físico, terei eu mesmo que criar um hospedeiro específico.
GM: Mas vc também não pensou em disponibilizar o álbum gratuitamente, até o momento.
P. : Não, ainda não tive tempo de upar em algum lugar, talvez mês que vem faça isso, exatamente por ter 17 anos o tempo se torna corrido e disputado entre trabalhos escolares e cursos.
GM: Com certeza!
Compôr um álbum em dois meses é feito e tanto!
Eu estava justamente em vias de te perguntar sobre vocais quando, poucos dias atrás, o Teddy postou a nova faixa.
Você já está compondo material para o próximo título?
P. : Sim, já estou em processo de produção, talvez demore um pouco mais, por conta do capricho que tenho, se eu não gostar de uma coisa eu recomeço tudo do zero, mas anda correndo tudo bem, até já tem nome e arte para meu próximo trabalho.
GM: E você gostaria de adiantar isso para o público ou prefere guardar segredo?
P. : Claro, será intitulado Nostalgie, a arte já está disponível aqui na página, e pela primeira vez terá algumas faixas com vocais
GM: Antes de passar para o próximo tópico eu gostaria de saber um pouco sobre o seu processo criativo, como as coisas acontecem?
P. : Eu não sei bem explicar como surgem algumas de minhas ideias, eu sou um pouco sensível ao sentimento humano, desgraça, sofrimento, saudade e como o próprio nome sugere, Nostalgia. Não é difícil achar tais sentimentos hoje, numa sociedade que maltrata à si mesmo, então eu simplesmente sento e espero surgir algo que expresse isso, quando não dá certo eu simplesmente adio um dia, é o necessário para que tudo volte a acontecer e fluir minha música.
GM: Parece algo intenso e verdadeiro.
Do ponto de vista técnico, como funciona? Vc tem um quarto de música?
O que vc grava primeiro?
P. : Infelizmente meus recursos são poucos, então o que tenho é um computador, uma guitarra e um violão, a mixagem se dá pelo Fl Studio. Primeiro eu gravo a bateria, que no Endless Dreams foi inteiramente micro-fonada, um amigo me emprestou sua bateria para eu trabalhar, no novo trabalho sairá algo programado com vst, infelizmente.
GM: Cara, tá tudo ótimo, não se preocupe.
Bem, um passo adiante: música.
Vc compra muita coisa, baixa muita coisa, como é? Você curte cd, tape, vinil, como vê essa questão da relação com a sonoridade?
P. : Eu baixo muita coisa, eu conheço muito coisa, eu compro cd’s que mais gosto, de bandas que mais gosto, vinil não sou muito ligado, agora tape, eu acho bem interessante, tenho 2 até agora, Eternal Sorrow e Burzum, com toda certeza eu tento encaixar alguma partícula desses trabalhos na minha música.
GM: Post metal não é exatamente um gênero muito popular. Particularmente, eu diria que sua sonoridade se encontra em um bom meio termo entre a harmonia e desarmonia, a suavidade e aspereza. Vc acredita que no futuro irá explorar alguma outra dimensão, irá caminhar mais para uma dimensão do que para outra?
P. : Creio que sim, apesar de gostar muito de mesclar os dois aspectos, a calmaria do Shoegaze/Post Rock me chama bastante atenção, porém o propósito da Daydream pede não apenas isso, mas também a agressividade do Black Metal, que mesclado a isso gera algo interessante.
GM: Quais são suas perspectivas de projeção junto ao público, vc gostaria de ser conhecido por muitas pessoas, se tornar um mega projeto, como talvez Alcest ou Russian Circles, ou prefere permanecer mais obscuro e underground?
O que o próprio termo underground sugere para você?
P. : Eu sou músico, ou pelo menos me considero um, reconhecimento sempre é bom, o que acontecer pra mim, eu vou gostar muito, seja um grande público, como o obtido por bandas conceituadas, ou obscuro como disse, em honra ao underground.
O termo underground pra mim sempre trás o que é contrário ao conceitual, uma coisa que não deva seguir os padrões instituídos, seja ele qual for.
GM: Discos são muito importantes para mim. Eu gostaria de saber qual é o disco que você mais escutou na vida, qual o que está escutando mais no momento e qual é o melhor álbum de 2015, até o momento, para você.
P. : Os discos que mais escutei na vida são dois, Blackwater Park (Opeth) e Köld (Sólstafir), e os que mais escuto no momento são Souvenirs d’un autre monde (Alcest) e Aokigahara (Harakiri for the Sky).
GM: Você gostaria de recomendar ao leitores alguma banda/projeto nacional obscuro que merece maior reconhecimento?
P. : Uma banda que recomendo a todos, que conheço e nunca deixo de citar, cujo trabalho me fascina, é a Bullet Course.
GM: Alguma mensagem que você gostaria de deixar para os leitores?
P. : Apenas “sem música, a vida seria um erro”, kkkk meio piegas sim, mas é verídico.
Com um pouco de sorte, como vimos, Nostalgie poderá vir a uma sombria luz do dia ainda em 2015. P. já lançou um ‘single’, que upado por Teddy Gibins, e você conferir aqui.
Caros leitores, atualizando o que escrevi sobre o lançamento do Ghost Bath alguns posts atrás, a gravadora alemã Northern Silence Productions realmente só lançou 420 cópias em vinil preto, agora chamadas de “full moon”, e 380 cópias em vinil branco, “new moon”, conforme vocês podem conferir no Discogs; mas foram produzidas ainda 100 cópias em vinil transparente, ‘fake moon’, e ainda mais 100 cópias em vinil branco e preto, ‘half moon’, totalizando portanto 1000 cópias. Essas duzentas cópias ‘adicionais’ foram vendidas apenas pela página da banda na Bandcamp e, claro, desaparecem rapidamente.
Apesar de, como já comentei, intencionalmente não ter escutado o álbum, li algumas entrevistas na web, inclusive uma em um site ligeiramente cômico chamado Toilet Ov Hell, onde o entrevistador afirmou que estaria disposto a pagar, aliás como muitos fãs, uma fortuna por um disco em vinil da banda. Acontece que a Northern Silence lançou o vinil por um valor muito razoável, a cópia branca por apenas um euro a mais do que a cópia preta – e agora vem a melhor parte para você que está lendo este post: os preços no Discogs [exatamente agora, a cópia mais barata no Discogs custa 64 euros, sendo que no site custa 14,90] e, provavelmente, no Ebay estão estratosféricos, mas você pode simplesmente entrar no site da Northern Silence e comprar uma cópia, NOVA, pelo preço de fábrica.
Passei tanto tempo do ano passado tentando descobrir coisas novas, musicalmente, ou escutando DSBM, que simplesmente não fiquei sabendo que Dirty Beaches havia acabado. Para alguém que vive em um permanente estado de alienação mental [ou em ‘daydream’, como veremos em uma entrevista em breve…], como eu, não saber de coisas é algo bastante normal, mas descobrir isso, estes dias, via Pitchfork, me deixou um pouco para baixo…
Dirty Beaches é [foi] o projeto do multi instrumentista Alex Zhang Hungtai, cuja sonoridade não posso descrever como nada além de drone music, sem deixar de acrescentar, no entanto, que em cada título foram explorados diferentes espectros musicais, elementos sonoros… talvez… o que estou tentando dizer é ele tenha tentado captar e cativar diferentes emoções nos ouvintes, ao longo de sua discografia. E embora eu não soubesse do fim do projeto, devo dizer que o último lançamento, Stateless, cuja capa encontra-se atualmente na minha ‘galeria de audição’, porque eu realmente não paro de escutá-lo, é bastante melancólico, em especial a última faixa, dialogando acerca da finitude, Time washes away everything, de uma beleza sufocante…
Você pode escutar ou baixar Statelles e, em especial, Time washes away everything via Bandcamp.
Este é um vídeo de uma música de seu primeiro CDR… SIM um CDR, algo tão raro que nem eu me atrevo a ir atrás… mas, honestamente, de uma beleza ímpar…
No post [#004] eu comentei que outubro foi um mês repleto de lançamentos, mas acabei me concentrando apenas nas reedições. Para os fanáticos por vinil, tivemos um mês bastante especial: vamos a eles!
2015 está sendo marcado tanto por lançamentos de micro, pequeno e médio porte, como Ghosts of Oceania, Black Cilice, Krallice, Foot Hair, Closet Witch, Black Sheep Wall e ainda por velhos dinossauros, como My Dying Bride, Shining, Paradise Lost, Godspeed You! Black Emperor e um pequena infinidade de outros títulos que não vou conseguir me recordar aqui – mas tive a impressão de que muitos contendores realmente decidiram só descer à arena em outubro. Senão, vejamos:
KYLESA – Exausting Fire
Esta banda americana de stoner e psychedelic rock pode não ser gigante, mas não é pequena não: a primeira prensagem de seu sétimo álbum teve 11 versões diferentes em vinil! Via Season of Mist!
LOMA PRIETA – Self portrait
Banda de screamo/hardcore da bay area, este álbum está chamando a atenção de muitos e estreou direto nos 100 mais do RYM. Até onde consegui descobrir, teve três prensagens em vinil. Via Deathwish Inc.
DEAFHEAVEN – New bermuda
Saudados por muitos como grandes renovadores do black metal, ao revitalizar o gênero com salutares doses de shoegazer talvez indo para o post metal, este grupo de São Francisco também estreou direto no RYM. Também lançaram 11 versões diferentes do vinil, duplo, ainda que em diferentes regiões do globo, via Anti Records. [não exatamente underground, como podemos observar…]
Para além destes, no entanto, agora chegam os destaques:
GHOST BATH – Moonlover
Sem dúvida uma das maiores revelações de 2014, Ghost Bath prometia muito para 2015 e quem ficou atento logo descobriu novidades: logo no final do ano a banda anunciou um novo álbum, que se chamaria Moonlover, com uma capa sensacional, e logo que saiu a primeira prensagem do CD, com mil cópias [o que já foi um progresso, visto que Funeral tivera apenas 100 cópias], foi anunciado que ‘no inverno’ seria lançada uma versão em vinil. Finalmente este momento chegou e a Northern Silence Productions anunciou 420 cópias em vinil preto e 380 cópias em vinil branco. Como decidi, desde o princípio, que não escutaria este disco senão em vinil, mal vejo a hora de receber meu exemplar…
Você pode escutar o álbum ou fazer um download pago via Bandcamp.
ANOPHELI – The ache of want
Halo of Flies, que já havia lançado o melhor disco do ano, Qliphot, do Cloud Rat, lançou em outubro The ache of want, do super grupo Anopheli. Não é fácil descrever sua sonoridade – inacreditavelmente pesado, melódico, intrincado, belo e envolvente. Enquanto não tiver uma cópia em vinil em minhas mãos também não poderei dizer nada mais apropriado, mas o som me parece uma prévia do apocalipse com cordas e vocais dementes. Foram lançadas mil cópias: 800 em vinil preto, 200 em vinil preto com uma mancha em vermelho.
Você pode escutar o álbum ou baixá-lo pelo valor que quiser via Bandcamp.
Falando em gravadoras mais comerciais e em artistas maiores, Joanna Newson rompeu o silêncio com Divers, via Drag City Records, desta vez com vinil duplo simples [alguém aí se lembra do marcante box triplo que ela lançou em 2010?] – que em menos de duas semanas conquistou a terceira posição nos melhores do ano no RYM!!! – e para surpresa geral do público, o duo Beach House lançou um segundo disco este ano, Thank you lucky stars, pela major Sub Pop [com direito a uma edição limitada em vinil verde transparente, cuja quantidade de cópias eu não consegui descobrir].
Para encerrar, enquanto fazia uma última revisão dos títulos lançados em outubro descobri que o duo Juçara Marçal e o multi instrumentista Cadú Tenório lançou neste mês supremo o aterrador Anganga, completamente gratuito pelo selo nacional Sinewave. Escutei a faixa de demonstração disponível no site, ‘Canto II’, e fiquei fora de mim. Na verdade, me sinto um idiota por esse selo ter escapado completamente ao meu radar até agora. Vou baixar o álbum urgente! A descrição dizia “afro noise”, mas me parece que eles foram um tanto quanto modestos… eu apontaria algo entre, um amálgama de glitch, witch house, dark ambient, harsh noise wall e, claro, drone… drone music. Acreditem em mim: com certeza mais sinistro do que alguns dos títulos que mencionei aqui… algo muito, muito único…
Vejam só o que o correio trouxe para mim hoje, diretamente do México: uma das poucas cópias física de um grande lançamento deste ano – o álbum Üksildus, do projeto Talv.
Como vocês podem observar pela última foto acima, este lançamento (four page panel) teve apenas 25 cópias e no o site do projeto consta a promessa de uma versão com 6 páginas [1] – e a julgar pelo capricho da produção e pela beleza da arte creio que serei obrigado a comprá-la também…
Talv é o projeto de A. – que desenvolve um black metal experimental com fortes elementos de shoegaze. Sua sonoridade lembra o projeto português Black Cilice e a capa do cd não poderia ser mais apropriada: você realmente vai se sentir no meio de um nevoeiro, desorientado e confuso ao escutar este disco. Os vocais são completamente incompreensíveis, em um misto de assovio, uivos e lamentos distantes encobertos por muita distorção e camadas de riffs entorpecentes. A cópia física do álbum traz ainda uma faixa bônus não disponível na versão digital.
Você pode escutar o álbum em stream na página do Talv, via Bandcamp, fazer um download pago ou aguardar a próxima edição física. Como não existe muita informação sobre o projeto na web, creio que seria incrível obter uma entrevista, não? Vamos tentar a sorte!
[1] – entre o momento em que comprei o meu exemplar e a data deste post a segunda prensagem já havia sido lançada, com 66 cópias. https://www.facebook.com/misanthropiarecords