Espaço de incentivo e suporte à música underground – fundamentalmente por meio de entrevistas originais, mas também por meio de matérias, reflexões e resenhas.
Conversation with slovenian black metal project Noč
When I started my conversations with Jan, the body and soul of experimental black metal project Noč, it was the most ‘underground’ musical initiative that I ever talked to. In february Noč had three demos, at Bandcamp, and no FB page. It was something like a secret, a treasure lost in the web. Demo III, the album that captivated my attention with a very interesting and mysterious artwork, had a physical private pressing of 20 copies that Jan would give for free ‘face to face’, a signal that he was not hoping to break the limits of his country – and was a great surprise to know that the copies were not sold out! We talked for three months and in this meanwhile Noč released two other ‘demos’ and reactivated his FB page – which shows how dinamic could be the intimate life of an artist.
GM: How do you describe your sonority? Jan – If by “sonority” you mean my music, my sound, I’d say I always strive to create something honest and true to myself, through the music, and through the lyrics.
GM: What’s the meaning of ‘Noč’? is there any story behind the choice of this title? Jan – It’s the Slovene word for night.
GM: I know that ‘genres’ could be a little limitated, but how would you describe your music in this field? Jan – I guess I’d say black metal, with a lot of ambient passages and experimentation thrown in, and whatever else I feel like making.
GM: DSBM? Jan – You could categorize it as DSBM, yes, but that wouldn’t be the first word I’d use to describe my music.
GM: What is your first musical memory? And when you started to enjoys music? Jan – When I was a young child I remember my father playing his old vinyl of Pink Floyd’s Dark Side of the Moon to me. That’s probably the first time when music really had a deep impact on me, and I’ve been hooked ever since.
GM: You released three demos (though I’ll easily would call then albuns) in 2015. When you started this project and how many time do you spent in each release? They are separated and individual releases or they have some connection? Jan – Well, making music, making an album, is a long process for me, and I’m always creating something. I don’t really know how much time I spend on an individual album, but it doesn’t really matter to me as long as the final product is something true to my “vision”. I like the chronological progression of Noč’s music as a body of work (Demo I, II, III, …), and although every album I record is meant to be able to stand on it’s own, yes, the albums are connected in many ways, most of which aren’t very obvious to the listener though, at least not on a first glance.
GM: All your works were released in 2015, but I imagine that you should have started before this. Jan – Well Noč’s Demo was released in January, so most of that was done before 2015, but the other two albums/Demos were written and released in 2015.
GM: Noč is your first musical project? Jan – I’ve played in various bands before, but Noč is my main project, and the one I really pour my soul into. Continuar lendo →
Devo dizer que passei boa parte de janeiro ainda envolvido com os álbuns de 2015, entretido com as listas de fim de ano que mencionei no post #012 – e que até tentei, mas não tive cabeça para encontrar novidades em janeiro. Fevereiro começou bem devagar, devo dizer, mas as coisas finalmente esquentaram e comecei a procurar novidades como um louco – até perceber, em março, que talvez eu precise rever essa compulsão por música… seja como for, tenho algumas novidades bem interessantes para compartilhar.
Post-hardcore criativo e cheio de energia. A clássica alternância entre passagens mais lentas abrindo espaço para investidas ganchudas – uma fórmula e tanto!
Sei que divulgar álbum de gravadora já consolidada, como a Sub Pop, pode parecer chover no molhado, mas este lançamento merece todo apoio. Psy indie rock com altas doses de Jefferson Airplane. Além do vocal cativante garanto que os solos de guitarra irão surpreender.
Invernium/Abisma – Personal coma [split album] (aqui a parte do Invernium, via Soundcloud – aqui a parte do Abisma, via BC)
Este artista de vanguarda compilou todos seus lançamentos anteriores neste único título. Entrevista em andamento, logo logo será postada por aqui!
Scorge & Juan Queiroz – Praeceptum DCLXVI [split] (escutar via YT)
Dois artistas bastante singulares em um lançamento (até agora apenas virtual) bem interessante. Enquanto Scorge alterna suas faixas entre um black metal mais atmosférico com sonoridades mais cruas e tradicionais, Juan Queiroz nos apresenta sua concepção psicodélica do black metal.
Dica do P., da Daydream: math rock/post-metal inacreditavelmente bem executado por um rapaz de meros 16 anos. Com vocais ficaria melhor – mas vale a pena ficar de olho.
Gray Souvenirs is a blackgaze brazillian project that can easily join the immortal hall of the genre. The project not only have an amazing sonority, with harsh guitar chords striking creative and beautiful synth lines – it has powerful vocals, intense melodic moments and interesting tempo changes. In less than a year GS counts three releases (besides a special loose track) wich shows a significative growing and the signals of a music that is here to stay.
Putrefactus, the very young man behind this wall of sound, was very receptive and kind along our contacts via FB. We talked about his various side projects, his creative process and about the future. More special: he give us, in first hand, a glance to the art and, with exclusivity, the first single of his next release, the album Serena.
Putrefactus: Gray Souvenirs appeared when I won my first electric guitar – so we can say that it was born at the same day of my birthday, in february 4 of 2015. In the early formation the band counts with Skymning, wich leaves after the relese of Ventos da transcendência. In the beggining, I was willing to make a sound more focused in blackgaze/DSBM, but with the times my compositions get more to blackgaze, shoegaze and post-black metal, with strong influence of Alcest, Amesoeurs, Les Discrets, Lantlôs, Shyy and … (DotDotDot).
GM: Do you had any musical project before that?
Putrefactus: Yes, it was called Putrefolah, a depressive rock inspired by Apati, Happy Days and others.
GM: This project had some physical interaction or was only virtual? He rolled from when to when?
Putrefactus: Was virtual, had only one release called Fade Way Forever andlasted from june 2014 until february 2015, when I was 16 yo.
GM: Please tell us about the development of your musical taste.
Putrefactus: Since I was a child I never contented myself with the songs that were presented to me, I was always looking for more. I was introduced to rock by high school friends, by 9 years I was listening to Gun’s N’ Roses, Deep Purple, Bee Gees and other artists. But when I got older I went down the steps, if you know what I mean. I started to listen new metal ‘round 10/13 years, bands like System of a Down, Korn, Slipknot. Internet later introduced me to new bands and I was leaning to the power metal and symphonic black metal, so I started to listen Rhapsody Of Fire, Angra, Shaman, Sonata Artica and through these I met the first black metal bands, which I still love today, Dimmu Borgir and Cradle Of Filth. Then a magical road took me to the post-black metal/shoegaze, the genres that I hear more today, where are situated my favorite bands: Alcest, Deafheaven, Slowdive and My Bloody Valentine.
So, I took a pause and listened to Putrefolah loose tracks at YT.
GM: From what I researched this album was not officially released, right?
Putrefactus: Exactly. I think we did not have enough quality, despite having done with all care. Continuar lendo →
Ele não tem idade legal para dirigir ou para comprar uma cerveja – mas há menos de dois meses lançou seu primeiro EP, Endless dreams (ainda independente), e está em uma corrida contra o tempo para lançar seu primeiro full antes de completar 18 anos.
Daydream é o projeto de um hom… digamos, um adolescente só, representando nosso país no cenário do post-metal e blackgaze com muita propriedade. Eu o conheci graças a uma rede informal de articulação do underground, por mil ramificações, que se solidificou no canal do italiano Teddy Gibins.
Desde o final da década de 70, para não dizer desde sempre, o underground tem desenvolvido estratégias particulares de desenvolvimento e com o advento da web temos o desenho de uma rede bastante singular de sustentação. Se não fosse por esta rede, como veremos na conversa abaixo, é bem possível que Endless dreams, como ademais diversos outros álbuns, não existisse – visto que ele foi lançado, de modo 100% independente, sem o apoio de qualquer selo ou gravadora, mas não está em lugar nenhum, isto é, por falta de recursos não está sediado em um site de hospedagem, como a Bandcamp.
Na conversa abaixo, realizada via chat por FB, vamos conhecer mais um pouco sobre os ‘sonhos infinitos’ de P.
GM: Podemos começar com o título do projeto?
P. : Podemos sim. O nome Daydream surgiu há um tempo, antes mesmo deu começar a colocar em prática o projeto em si, significa Devaneio. Sabe, eu nunca fui um cara muito sociável, a Daydream é quase um sonho, uma Utopia digamos assim, para me distrair dos problemas dos quais eu tento fugir.
GM: Incrível.
Algo a ver com Sandman?
P. : Sim e não, Sandman sempre foi um dos meus personagens preferidos, incrível você citar ele, quando eu era pequeno, tinha diversos quadrinhos dele, mas bem, sim pela Daydream ser um capricho, um sonho meu, e não, por não influenciar em nada nas letras, e nem na proposta, pois com letras comecei há pouco tempo.
GM: De fato, vivemos em um mundo onde as referências se cruzam o tempo todo. Qual é a sua idade?
P. : Eu tenho 17 anos.
GM: Hã… vc está falando sério?
P. : Sim, 17 anos amigo… haha! Por que o espanto?
GM: Cara, estou de queixo caído…
Bem, voltando ao foco, eu conheci o Daydream graças ao YT, mais precisamente ao Teddy Gibins, um cara que eu considero um herói do underground. Como vc o conheceu?
P. : Bom, o Teddy sempre apoiou e continuará apoiando bandas novas (como o próprio me disse). Eu o conheci quando postou um projeto DSBM meu com um amigo da Bahia, outro grande músico, com quem aprendi muito, tanto no aspecto musical quando em mixagem. O projeto chama-se Selvmord, comecei a atuar sozinho após isso, Loser (Worros) se juntou a mim, bem, foi assim que tive conhecimento do canal do Teddy.
GM: Você poderia compartilhar conosco sua primeira memória musical?
P. : Olha, não é algo convencional, mas o primeiro musico que me interessou a ponto de ser fã, foi Joe Bonamassa, eu tinha meus 10 anos de idade, logo após comecei a me interessar por bandas de Rock e Metal e, com isso, com meus 15 anos, um tio me apresentou ao Black Metal, e foi algo surreal sabe, energia, sentimento, significado… Eu sempre fui afastado de todos, com o Black Metal isso passou a não importar muito pra mim.
GM: Quais estilos musicais você escuta atualmente? Você se julga uma pessoa mais fechada ou mais aberta?
P. : Me julgo aberto musicalmente, acredito que toda arte tem seu reconhecimento, qualquer música que passe sentimento às pessoas é válida. Os gêneros que mais escuto atualmente são o Post-Black Metal, Atmospheric Black Metal e música Celta (BM, Folk), acredito que os três gêneros dominam minha Playlist.
GM: Então, para que as coisas fiquem claras, antes do Daydream você participou do Selvmord [no Metal Archives constam 4 outras bandas/projetos com o mesmo título], é isso?
P. : Exatamente. Atualmente trabalho em outros 3 projetos, Uncaladon (Cosmic Black Metal), Oak (projeto acústico, não lançado ainda) e Spektral Agony (DSBM).
GM: No caso, vc está levando todos estes projetos paralelamente, algum está encerrado, algum tem prioridade, como vc lida com tudo isso?
P. : Bom, como disponho de pouco, eu tento conciliar tudo, minha prioridade é a Daydream e Uncaladon, a Spektral seria algo paralelo, eu apenas auxilio na produção, quem bola as letras é o Gabriel, que é, digamos, quem “empresaria a banda”.
GM: Bem, vamos nos focar no Daydream agora. Quanto tempo vc levou para ‘compor’ o álbum?
P. : No total foram 2 meses, desde criação das melodia até as letras.
GM: Hum… letras? [as 4 faixas são todas instrumentais]
P. : Sim sim, essa seria a parte que preciso explicar, a proposta inicial do projeto seria melodia e letra, mas enfim, aconteceu que eu decidi deixar as letras de lado e me focar apenas na melodia, assim como algumas bandas que me inspiram… Líam, Euphoria, etc.. gostei do resultado e decidi deixar do jeito que estava.
GM: Até o momento, Endless dreams foi lançado mas não tem um site, digamos. Pq?
P. : Por falta de investimento mesmo, estou a pouco de criar uma página na Bandcamp, apenas a Daydream, pq com os outros projetos já tenho esse auxílio de alguns produtores amigos. Como Daydream ainda não recebeu nenhuma proposta de lançamento físico, terei eu mesmo que criar um hospedeiro específico.
GM: Mas vc também não pensou em disponibilizar o álbum gratuitamente, até o momento.
P. : Não, ainda não tive tempo de upar em algum lugar, talvez mês que vem faça isso, exatamente por ter 17 anos o tempo se torna corrido e disputado entre trabalhos escolares e cursos.
GM: Com certeza!
Compôr um álbum em dois meses é feito e tanto!
Eu estava justamente em vias de te perguntar sobre vocais quando, poucos dias atrás, o Teddy postou a nova faixa.
Você já está compondo material para o próximo título?
P. : Sim, já estou em processo de produção, talvez demore um pouco mais, por conta do capricho que tenho, se eu não gostar de uma coisa eu recomeço tudo do zero, mas anda correndo tudo bem, até já tem nome e arte para meu próximo trabalho.
GM: E você gostaria de adiantar isso para o público ou prefere guardar segredo?
P. : Claro, será intitulado Nostalgie, a arte já está disponível aqui na página, e pela primeira vez terá algumas faixas com vocais
GM: Antes de passar para o próximo tópico eu gostaria de saber um pouco sobre o seu processo criativo, como as coisas acontecem?
P. : Eu não sei bem explicar como surgem algumas de minhas ideias, eu sou um pouco sensível ao sentimento humano, desgraça, sofrimento, saudade e como o próprio nome sugere, Nostalgia. Não é difícil achar tais sentimentos hoje, numa sociedade que maltrata à si mesmo, então eu simplesmente sento e espero surgir algo que expresse isso, quando não dá certo eu simplesmente adio um dia, é o necessário para que tudo volte a acontecer e fluir minha música.
GM: Parece algo intenso e verdadeiro.
Do ponto de vista técnico, como funciona? Vc tem um quarto de música?
O que vc grava primeiro?
P. : Infelizmente meus recursos são poucos, então o que tenho é um computador, uma guitarra e um violão, a mixagem se dá pelo Fl Studio. Primeiro eu gravo a bateria, que no Endless Dreams foi inteiramente micro-fonada, um amigo me emprestou sua bateria para eu trabalhar, no novo trabalho sairá algo programado com vst, infelizmente.
GM: Cara, tá tudo ótimo, não se preocupe.
Bem, um passo adiante: música.
Vc compra muita coisa, baixa muita coisa, como é? Você curte cd, tape, vinil, como vê essa questão da relação com a sonoridade?
P. : Eu baixo muita coisa, eu conheço muito coisa, eu compro cd’s que mais gosto, de bandas que mais gosto, vinil não sou muito ligado, agora tape, eu acho bem interessante, tenho 2 até agora, Eternal Sorrow e Burzum, com toda certeza eu tento encaixar alguma partícula desses trabalhos na minha música.
GM: Post metal não é exatamente um gênero muito popular. Particularmente, eu diria que sua sonoridade se encontra em um bom meio termo entre a harmonia e desarmonia, a suavidade e aspereza. Vc acredita que no futuro irá explorar alguma outra dimensão, irá caminhar mais para uma dimensão do que para outra?
P. : Creio que sim, apesar de gostar muito de mesclar os dois aspectos, a calmaria do Shoegaze/Post Rock me chama bastante atenção, porém o propósito da Daydream pede não apenas isso, mas também a agressividade do Black Metal, que mesclado a isso gera algo interessante.
GM: Quais são suas perspectivas de projeção junto ao público, vc gostaria de ser conhecido por muitas pessoas, se tornar um mega projeto, como talvez Alcest ou Russian Circles, ou prefere permanecer mais obscuro e underground?
O que o próprio termo underground sugere para você?
P. : Eu sou músico, ou pelo menos me considero um, reconhecimento sempre é bom, o que acontecer pra mim, eu vou gostar muito, seja um grande público, como o obtido por bandas conceituadas, ou obscuro como disse, em honra ao underground.
O termo underground pra mim sempre trás o que é contrário ao conceitual, uma coisa que não deva seguir os padrões instituídos, seja ele qual for.
GM: Discos são muito importantes para mim. Eu gostaria de saber qual é o disco que você mais escutou na vida, qual o que está escutando mais no momento e qual é o melhor álbum de 2015, até o momento, para você.
P. : Os discos que mais escutei na vida são dois, Blackwater Park (Opeth) e Köld (Sólstafir), e os que mais escuto no momento são Souvenirs d’un autre monde (Alcest) e Aokigahara (Harakiri for the Sky).
GM: Você gostaria de recomendar ao leitores alguma banda/projeto nacional obscuro que merece maior reconhecimento?
P. : Uma banda que recomendo a todos, que conheço e nunca deixo de citar, cujo trabalho me fascina, é a Bullet Course.
GM: Alguma mensagem que você gostaria de deixar para os leitores?
P. : Apenas “sem música, a vida seria um erro”, kkkk meio piegas sim, mas é verídico.
Com um pouco de sorte, como vimos, Nostalgie poderá vir a uma sombria luz do dia ainda em 2015. P. já lançou um ‘single’, que upado por Teddy Gibins, e você conferir aqui.