[post #016.66] Entrevista com a banda nacional de screamo/emoviolence/real emo Jovem Werther

VOZES DO SUBMUNDO

Entrevista com a banda nacional de screamo/emoviolence/real emo Jovem Werther

Em minhas [permanentes] buscas por sonoridades extremas [em especial com tons tristes ou depressivos] eu cheguei ao screamo [e ao powerviolence, na sequência] no ano passado – e, como sempre, logo comecei a procurar bandas nacionais defendendo o gênero. Em termos numéricos o resultado não foi dos melhores… mas em termos de qualidade! Nvblado talvez dispense comentários. Lado Esquerdo Vazio estava, e ainda está, em vias de despertar [e eu espero MUITO que isso aconteça AQUI]. E Jovem Werther… bem, quando eu cheguei a festa havia acabado – isto é, a banda tinha jogado a toalha. Achei aquilo muito injusto. Eu cresci na década de 80 e todos sempre vinham com aquela longa lista de bandas/artistas que perdemos, como Janis, Led, Doors e uma grande confraria de outros nomes. Com o passar do tempo a consciência das perdas aumentara: Joy Division, Cazuza. E com mais doses de tempo, estes grandes deuses do Olimpo musical deixam de ser as únicas estrelas que regem nosso destino – malucos como eu começam a se interessar por bandas/artistas/projetos menores, que talvez estejam tocando ali na esquina… E a Jovem Werther estava! Não era algo do tipo ‘nasci na década errada’ ou algo assim, foram umas 40 mil outras coisas… mas de toda forma, o som permanecia, claro…

Uns quatro meses depois, quando eu já havia dados os primeiros contornos a este espaço, resolvi escrever para os caras – afinal, se a página ainda estava lá alguém poderia ler. Minha ideia era fazer o necrológio da banda – contar retrospectivamente sua história, talvez divulgar alguma pequena anedota que, aparentemente, não fizesse sentido algum, mas que seria prontamente bem recebida pelos fãs, enfim, dar aos caras seu merecido lugar na história – esta banda que, como seu título sugeria, morreu jovem…

… e eu não apenas fui bem recebido, imediatamente, mas fui ainda surpreendido: eles estavam em vias de voltar à ativa! Eis que pequenos sinais de vida surgiram, na página da banda no FB: primeiro um vídeo e, poucas horas depois, o comunicado de que haviam voltado! Assim, ao invés de contar a história de banda que ‘havia se suicidado’, eu passei a acompanhar seu retorno!

Abaixo segue minha primeira entrevista com uma banda (!), feita [ainda] via FB. Como irão notar ao longo das perguntas as vozes se alternam, fiz o que pude para manter a conversa clara, espero que o resultado agrade os fãs…

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Acione a page da JW na Bandcamp e aperte o play!

5 de janeiro
Olá!
Procurei info sobre vcs na web mas não encontrei muita coisa – e sobretudo não encontrei nenhuma entrevista, nem anterior nem posterior ao post de encerramento.
Tenho um blog sobre música underground, bem pequeno, mas ficaria imensamente feliz em fazer uma entrevista, seja para falar sobre o fim do projeto ou não, tvz um histórico completo, sei lá, o que lhes parecer melhor.
Um abraço!
5 de janeiro
Jovem Werther
Olá, mano o/
Ficariamos muito felizes em ceder uma entrevista pra você. A banda está em estúdio passando os sons com um guitarra novo e logo logo vamos estar de volta com formação e material novo.

GM: Bom, galera então vamos lá.
Todo mundo sabe de onde vem o nome da banda, mas imagino que exista uma história, alguma dimensão conceitual envolvendo sua escolha. O que vcs podem nos dizer sobre isso???
(Ft vocalista): Na realidade é tudo muito simples cara, não existe conceito muito literário ou pseudo cvlt por trás da banda, consideramos a mesma o resultado de toda dor, catalisada em versos sonoros, eu mesmo nem me considero vocalista, boicoto qualquer tipo de palco, o que é expressado é somente o conjunto de vozes desesperadas por algo que as aflige.

GM: Como vocês definem o som da Jovem Werther????
Jovem Werther: O som da jw é algo que deixamos soar naturalmente, seria difícil enumerar bandas ou artistas que nos inspiram, são 4 mentes, extremamente fissuradas em música, então pra te definir isso seria impossível ou escreveríamos um livro aqui… Hahahaha…

GM: Estamos indo muito bem!
O primeiro registro que encontrei sobre vcs data de outubro de 2014. Quando e como a Jovem Werther começou?
Jovem Werther: A jovem werther começou o guimo, o j e eu (FT) tínhamos um power trio chamado secret place, onde nos reuníamos pra tocar um shoegaze muito mal feito, eu na guitarra, foi quando eu percebi que precisava externar aquilo de uma maneira mais expressiva, assim soube do diego, um ótimo guitarrista, que passou a integrar o time e mudamos o nome pra jovem werther, aí foi maravilhoso, daí pra frente fizemos umas merdas que não convém falar, mas enfim estamos de volta e logo nas pistas fúnebres novamente.

GM: Ótimo!
Por volta de que ponto de 2014 [sim, eu sou maníaco por datas]???
Jovem Werther: Ah cara, difícil de dizer, digamos que quando fizemos a jovem eram tempos de “doidera” hahahahaha, mas por volta do começo de 2014 as coisas começaram a se moldar.

GM: O primeiro EP, pelo que consta no FB, foi feito diy e distribuído gratuitamente, correto? Quantas cópias foram prensadas???
Jovem Werther: Sim, tivemos auxílio do maravilhoso kiko (reiketsu e outros milhões de projetos), cara fenomenal que nos gravou a preço de banana, apesar de alguns convites, as demos ficaram nos moldes feito em casa mesmo, foram poucas, mas pretendemos um dia lançar algo massa, físico, bem prensado e tudo mais.
Quem sabe um dia um full ou split com alguma banda massa.

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O que você faria por sua banda favorita???

ou Uma entrevista dentro da entrevista

Em um mundo cada vez mais louco, qual foi a maior loucura já feita como demonstração de amor por uma banda?

   Sabemos que a música é capaz de provocar as mais variadas e – sobretudo – intensas emoções. A beatlemania foi um momento muito especial – mas antes disso mil garotas já haviam se derretido por Elvis e, décadas depois, Axl Rose arrancou mais suspiros de meninos e meninas do que dezenas de outras bandas que o Guns n’ Roses. Algumas bandas, alguns artistas… eles têm algo mágico, algo único, algo mesmo inexplicável que os torna alvo de adoração – adoração essa que pode se manifestar de diversas formas. Alguns fãs gritam, outros se descabelam, alguns se cortam (fãs do Slayer e do Psychonaut 4, em especial) e outros… bem, o que você já fez pelas bandas que adora???

   O ponto é que a Jovem Werther, com menos de dois anos de atividade underground, fora do radar da grande mídia, recebeu uma homenagem emocionante:

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   De maneira 100% espontânea uma fã enviou esta foto para a banda – que prontamente a publicou em sua page no FB! Em um mundo onde a música digital faz com que as pessoas nem saibam qual é a capa de um álbum ou os nomes das músicas que está escutando, onde as pessoas nem precisam sair de casa para ouvir música, esta homenagem visceral me deixou fascinado e me arrisquei a conversar com sua autora – que me recebeu de maneira muito gentil e falou apaixonadamente sobre o que sente pela Jovem Werther:

I.C.: A homenagem, na verdade, foi algo que eu não planejava fazer, eu vi as minhas canetas e as folhas de rascunho que há tempos estavam paradas, e, nesse dia de ócio, comecei a rabiscar. A ideia inicial era eu fazer com a música ‘Último Farol’, que é a minha preferida deles, mas ‘Desisto’, aparentemente, se encaixou melhor no papel, na situação toda, é difícil explicar, é como se a música, os escritos no papel, o cenário, de fato formassem uma harmonia, a foto deu certo, tudo combinou.
Tempos atrás eu já havia enviado alguns rabiscos meus envolvendo trechos das músicas deles, tudo bem simples, e cheguei até a começar um flipbook envolvendo a letra da música mais recente, ‘Saudade’, mas comecei a faculdade e infelizmente abandonei.
E sobre a foto, pode ver que é algo bem simples, porém feito com carinho, assim como eu vejo a banda, eles são simples, mas que conseguiram tocar as pessoas com as músicas, pelo menos a mim tocaram – e muito.

GM: Realmente!
Quero dizer, mais ou menos, porque sua foto não é simples não, é algo super bem elaborado, com ctz deve ter demorado um bom tempo e exigido algum trabalho, e só consigo imaginar que as pessoas façam coisas assim, de maneira espontânea, por algo/alguém que admirem muito.
No seu caso, em particular, é algo muito admirável e tocante.
I.C.: O que tu disseste é verdade, admiro muito eles, achei que seria muito merecido a foto, e sobre “muito tempo”, levei aproximadamente 2h30 entre rabiscar a primeira folha e editar a foto.

GM: Nossa, surpreendente…
É o que imaginei…
Só quem ama poderia fazer algo assim!
Então, uma vez que vc está contribuindo para o retorno deles à atividade, vc também terá seu lugar na história valorizado!
Parabéns pela sua iniciativa!
I.C.: Obrigada por dispor do seu tempo e por ter gostado da minha singela homenagem ao pessoal 🙂

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(voltando)

GM: Quando vcs começaram tinham alguma banda nacional como parâmetro, além das bandas estrangeiras? Quem pirava as cabeças de vcs, naquela época?

Jovem Werther (FT): Vou passar a bola pro guimo cara, democracia na banda hahahahah.
(GUIMO) Cara, acho que no começo tivemos influências díspares, acredito que por bem ou por mal todos nós somos fãs do emo nacional 2000, aquela coisa de adolescente emocionado que todo mundo meio que passou. Mas de influências mais diretas, chegando num consenso entre os membros da banda, eu posso citar o Meia Lua e Soco (e mais futuramente o Golfo de Vizcaya), o 3 Segundos Antes da Queda e muito mas muito importante mesmo, devo citar o Nvblado, que deixou os caras da banda realmente emocionados, por assim dizer.
(Tambem queria citar o Raça, mas como uma influencia mais pessoal nessa mistura toda haha).

GM: Ótimo. Nvblado realmente é muito foda.
(eu cheguei um pouco tarde e perdi essa parte O.0, conheço mais as bandas de fora, então isso vai me ajudar em meus esforços de construir as histórias da música underground em nosso país).
Jovem Werther: (Ah, eu acho essa cena 2000 bem interessante, depende como você encara, tem muita nostalgia no meio, talvez não tanta musicalidade haha).

GM: Alguma info sobre a prensagem diy dos cds? Alguma lembrança acerca da quantidade de cópias? Talvez alguma memória sobre como a banda se formou?
Quais eram as intenções de vcs? Vcs queriam realmente pôr as pessoas para baixo, como sugeriam seus posts via FB?
Jovem Werther: Vamos lá, vou responder.
Sobre a prensagem dos cd’s: Nunca foi decidido nada de fato, pretendíamos fazer algo para o nosso primeiro full, mas nada de muito concreto. Mesmo nos termos DIY, prensar um CD (ou sendo otimista, um LP) ainda pede uma grana meio puxada.
Sobre o começo da banda: Foi algo simples, mas tenho lembranças de dias frios, um pouco daquele mito que você cria em torno de algo quando as coisas dão certo. No começo éramos apenas nós três, tocando algumas versões bem simples das músicas que acabaram saindo na demo, muitos erros, mas o tom da banda já estava ali. Depois que encontramos o Diego conseguimos achar o que faltava e lapidar o som pra finalmente podermos gravá-los direito e com um pouco mais de concentração.
Sobre as nossas intenções, não posso dizer que nosso intuito era deprimir as pessoas sem razão, acredito que isso poderia soar como pretensioso. Apesar do nosso bom humor em encarar algumas “bad-trips” da vida, começamos a reparar que os riffs, as letras, as ambiências entre uma música e outra criavam esse clima de depressão… e as vezes nós mesmos da banda ficávamos assustados como conseguíamos criar uma aura bem negativa, mesmo durante os ensaios. Então posso dizer que nós compartilhávamos a depressão com a platéia, ainda mais por alguns membros terem passado por períodos ruins durante o desenrolar da banda, descontávamos nossos momentos ruins naqueles 20 e poucos minutos de show… e parece que não eramos os únicos jovens tristes do local.

GM: Então, ao vivo também rolava um baixo astral sinistro?
Brigas? Automutilação? Destruição?
Jovem Werther: Não pra tanto, a plateia não chegava ao nível da loucura (eu acho). Mas umas lágrimas e uns gritos emocionados já bastavam pra gente hahaha.

GM: Com ctz! Espero poder conferir isso em breve!
Eu acho curiosa a relação entre o screamo e o emo, porque o primeiro me parece muito mais extremo, insano e autodestrutivo.
Jovem Werther: Assim esperamos, já tem gente cobrando um retorno. Mas as pontas estão se ajeitando…
Falando sobre o screamo, ou também o “emo-violence”, todos nós da banda temos uma ligação bem afetiva com esse tipo de som. Principalmente com o emo francês de meados dos 2000, da onde saiu uma das maiores (para mim ao menos) bandas desse gênero, e que de fato foi uma imensa influência para a Jovem, manjada mas genial (cheia de adjetivos realmente) que é a Daitro.
Passávamos alguns bons momentos discutindo sobre os álbuns dessa banda e algumas composições nossas, que acabaram não sendo gravadas, tinham um ligação bem forte com o “emo-violence”.

GM: Legal, ótimo saber.
Há, também, um certo tom de deboche nos posts e nas descrições de vcs, um lance meio punk chinelão, tipo “hipster de favela” ou “deu ruim”. Vcs estão tipo se fodendo para tudo?
Jovem Werther: Não diria que sejam brincadeiras com muitas inverdades, por assim dizer, como no caso do “hipster de favela”, por que realmente tem membros da banda que vieram de lá. Mas no geral criamos essas mensagens (um pouco como “brincadeiras internas”, piadinhas de ensaio, etc) pois não ligamos muito pra essa imagem um pouco elitizada do que dizem ser “boa música” alternativa. Podemos andar de roupa florida e termos barbas grandes e frequentarmos a Rua Augusta, mas somos uma banda fodida que não tem dinheiro pra fazer um show no Cine Joia nem em nenhum lugar caro desses, nos viramos num meio muito underground, mas nossa música não dá dinheiro (nem é a intenção também), e temos que trabalhar malditos finais de semana pra manter a banda.
Mas um pouco de bom humor não mata ninguém e se as pessoas dizem por aí que somos hipsters floridos e cheirosos, não custa nada manter essa imagem como uma zoeira.

GM: Perfeito!
O que poderiam nos dizer acerca da relação com o público???
Jovem Werther: O público nos recebeu maravilhosamente bem. Foi até um espanto pra gente. Desde nosso primeiro show (um ensaio aberto com os amigos da Sivie Sue Mori) já tivemos uma ótima reação dos amigos que compareceram. Mas no nosso show no Zapata, onde tivemos uma plateia bem maior, muito mais amigos e tudo mais, pudemos perceber que o público se envolveu realmente com o som da gente. Teve gente roubando microfone, dançando, gritando junto. Também tivemos uma grande recepção na internet, com gente comentando nossa pequena demo desde o lançamento. E até hoje tem gente de outros estados nos pedindo uma visita… e nós iremos.
Compartilhar um pouco da tristeza faz bem, às vezes.

GM: Com ctz…
No dia 11 de setembro (data cabalística) vcs anunciaram o fim da banda. Na época optaram por não comentar o assunto. Vcs gostariam de dizer algo agora?
Jovem Werther (Guilherme): Acho que sobre termos preferido o silêncio, foi bom para nós, no momento, por mil motivos diferentes. Mas penso que as coisas acabaram daquela vez não por uma única pessoa ou alguma treta mais pessoal. Penso que todos erramos um pouco. Mas é aquela coisa, falando unicamente sobre o que eu penso: o nosso pequeno trabalho valeu a pena e se há algo de que não me arrependo é ter tocado com quem toquei e com quem toco agora. Acredito que ninguém da banda, apesar dos pesares, queria (ou quer) que a banda acabasse e em nenhum momento tive essa impressão. Só nos resta continuar… seria um tanto errado negar o que fizemos juntos.

GM: Quando compuseram/gravaram Saudade [o último single], vcs já estavam passando por ‘problemas’ internos? Já figurava no horizonte a possibilidade do fim?
Jovem Werther: Na época que resolvemos gravar a Saudade devo admitir (com o consenso de todos) que as coisas andavam um pouco paradas na banda. Planejávamos voltar após a gravação do single, fazer shows e em breve gravar um full album. Mas as opiniões já estavam instáveis na banda e apesar de tentarmos imaginar um futuro melhor parecia um pouco óbvio que todos estavam desanimados com um possível futuro. Acabou não acontecendo e tivemos um final um pouco turbulento. Palavras jogadas ao ar e tudo mais. Mas considero que os ânimos se acalmaram um pouco depois e nós três (Lucas, Guilherme e João) resolvemos voltar a tocar, principalmente porque todos nós que tocamos na Jovem Werther, como disse anteriormente, em nenhum momento quisemos acabar com a banda. Foram apenas mudanças de planos.

GM: A ‘entrada’ de vcs para a Bichano é recente, não? Como se deu isso???
Jovem Werther: Então, na realidade, não existe ‘entrada’ na Bichano, o que ocorreu na realidade foi que nos pediram pra usar uma de nossas músicas em uma das coletâneas, o fred (creio que seja esse o nome) uma pessoa super tranquila, responde pela bichano, soubemos também que fizeram umas k7 com nosso ep, que vimos algumas fotos, mas nunca chegou pra gente, de qualquer forma apoiamos e achamos muito legal esse tipo de iniciativa no underground.

GM: Em vias de concluir a coisa toda, vcs poderiam, por favor, dizer suas idades?
Também tenho sempre uma pergunta sobre discos favoritos, quais seriam os discos favoritos dos membros da JW???
Jovem Werther: Qualquer estilo? Hahah

GM: Sim, favoritos de todos os tempos!
Jovem Werther: [Ft., 25 anos] Então cara, pra mim é impossível responder isso pois todo dia conheço coisas novas, desde meus 12 anos esse é meu maior hobby, funciona de acordo como eu acordo, aí naquele dia tenho meu play preferido, pode ser que seja um do Cartola, um do Darkthrone, um do Soweto, ou ate mesmo o funk tocando aqui na vila, que pode enumerar esse sentimento hahahaha, desculpa por essa resposta meio sem responder.
Eu [Guilherme, 24 anos] concordo com o Lucas. Tenho mil discos, na verdade fico sempre procurando algo novo. Ultimamente estou apaixonado pelo disco novo do Basement (Promise Everything). Achei um puta disco, apesar dos pesares. Mas sigo a mesma ideia. Posso escutar desde um Russian Circles até música experimental (noise, drone), passando por um emozão dos anos 90 e coisa e tal.
[Lucas Marin, 20 anos] Eu simplesmente não consigo definir meus álbuns ou bandas favoritas, mas eu colocaria na lista animals do this town needs guns, there is a hell do bring me the horizon, basement demos do the exploration, we were drifting into a sad song do sleep party people e an autobiography do old gray. Não por serem necessariamente meus plays favoritos, mas por terem me marcado bastante. Cada dia eu tô com uma banda favorita diferente, conhecendo bandas diferentes.
[André, 30 anos] Os plays que eu acho interessante citar foram os que mais me impactaram recentemente, Melting sun do Lantlos, Roads to Judah do Deafheaven, embora qualquer um deles seja minha trilha sonora de cabeceira, Jar – Superheaven, tô ouvindo muito uma banda chamada The Great Discord, o vocal é uma mina meio andrógina ela tem uma apresentação meio teatral, bem interessante, e pra finalizar Do you ever think it’s the end of the world do Consciousness Removal Project, altamente recomendável esse play.
[João Paulo, 24 anos] Cara, igualmente ao caso do F, pra mim é bem difícil falar sobre os álbuns da minha vida. Posso falar de coisas que me influenciaram muito pra compor as baterias da jovem como o Panopticon do Ísis e o laisser vivre les squelettes da daitro. Hoje meu álbum de cabeceira tem sido o parting the sea between brightness and me do touche amoré, até por conta da nova banda que eu tenho com o André, chamada Romantic bipolar.

Não, caro leitor, você não leu errado… embora a entrevista estivesse sendo respondida por três pessoas até um certo ponto, a questão acima foi respondida por 5… e aqui chegamos aos dois novos membros da Jovem Werther!

GM: Como se deu o recrutamento dos novos membros?
JP: Então cara, logo após a saída do Diego o mundo meio que caiu nas nossas cabeças. Foi muito complicado pensar na ideia de voltar a ser a Jovem Werther de novo, já que tínhamos um desfalque grande na família. Depois de inúmeras conversas entre os membros da formação original decidimos tentar algo com um outro guitarrista e ver no que dava. O André toca comigo na Romantic Bipolar e sempre foi fã da Jovem, além do mais nós sempre conversamos sobre música. Foi a escolha perfeita. O Lucas Marin também faria teste pra assumir as guitarras e nisso nós gostamos muito da desenvoltura que ele demonstrou nas ambientações, além da vontade e da emoção que ele nos passa quando toca. Sendo assim firmamos essa formação e eu nunca estive tão feliz!

Ft: Então cara, na realidade essa palavra recrutamento seria meio fora de contexto com o que rolou, que foi na realidade um convite formal, para ambos, mas vamos por partes.
O Marin já era meu amigo de outros funerais, sempre achei ele estiloso, um cara que manjava de música triste, e uma pessoa que sempre me agradou estar perto, acho que pelo fato dele (não sei como) conseguir a façanha de ter igual ou mais problemas mentais que eu, então numa conversa despretensiosa soube que ele tocava guitarra, foi a deixa que o sistema queria, ele já gostava da JW, foi até em uma gig da banda que nos conhecemos, enfim ele topou, já no primeiro ensaio me senti em casa, e daí pra frente foi só alegria (cof cof! tristeza).
O andré, eu já tinha visto ele tocando na outra banda que ele tem com o J, fiquei meio receoso porque eu não o conhecia, entretanto assisti a um ensaio dessa tal banda, onde vi o monstro, no bom sentido, que ele era, logo na sequência o J me disse que iria chamá-lo, já no primeiro ensaio foi só amor, ficamo muito doido, e ele já havia tirado a maioria dos sons, só tenho a dizer uma coisa
Que ser humano cara, que ser humano!
Alem de guitarra da banda virou um grande amigo, daí pra frente vocês irão ver nos próximos tais lançamentos uma JW revigorada e 100% mais intensa.

 GUIMO: Gostaria que eles falassem por si mesmos, não sei bem como descrever…

André: Então, eu entrei na JW a convite do João o baterista, temos uma banda chamada Romantic Bipolar há uns dois anos e ele me contou que tava afim de voltar com a Jovem, num ensaio da Romantic ele perguntou se eu não toparia e eu aceitei.

Acho que o futuro é promissor, o entrosamento músical e a o relacionamento com todos os integrantes é muito bom, temos uma afinidade que faz com que as coisas aconteçam de uma forma muito fácil e empolgante. Já compomos 3 sons e eu tenho mais umas duas bases no forno pros próximos ensaios, além do Marin ter umas idéias bem legais também, esperamos compor mais alguns sons para gravar o mais rápido possível.
Lucas Marin: Então, eu sempre curti a jovem e fui amigo dos caras. Estava junto no dia que acabou, foi a maior bad. Quando a jovem voltou, com o André na guitarra, talvez por eu ser perturbado e saber tocar guitarra, o F me chamou pra fazer a outra guitarra, pra ver se rolava e tal. Felizmente rolou bem, no primeiro ensaio já sentimos um entrosamento e vivemos tristes para sempre.
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Da esquerda para direita: Marin, GUIMO, Ft, JP e André.

GM: O que devemos esperar do futuro, em termos de lançamento? E quanto ao primeiro show, [anunciado via FB] dia 16/04???
JP: Cara, a gente tem flertado muito com post-black metal. As composições serão um pouco mais pesadas do que os sons da demo. Mesmo assim ainda temos bastante influências de shoegaze em alguns sons. De certa forma, ainda sobram resquícios da velha jovem nos novos sons.

GUIMO: Estamos esperando voltar à ativa, alguns shows agora no começo do ano, e mais pra frente pretendemos lançar um ep com algumas músicas novas e vamos tentar, de coração, lançar ate o final do ano nosso primeiro full album, coisa que já planejamos faz um bom tempo.

Ft: Quanto a GIG de retorno no dia 16, trata-se de um evento mega especial, inauguração dos fests de um coletivo sad future, que ajudei a fundar.
Um coletivo de cunho libertário, que tem como intuito dar espaço a artistas, seja de qualquer vertente que for, desde que não seja de ideia torta, de expor seu trabalho, são paulo é totalmente segregado e a não ser que você se rebaixe aos detentores do monopólio, não irá ter seu trabalho difundido.

Muito obrigado por tudo, se for de SP apareça na GIG.
Até mais, amigo

See you on the gallows!

Você pode escutar ou comprar/baixar os lançamentos da JW em sua page na Bandcamp.

Siga os passos da banda em sua page no FB.

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